E por que não?

“Por que que o céu é azul?”, “ Porquê que o sol vai embora à noite?”, “Por que o vovô tem cabelos brancos?”.

São inúmeras as questões que os pequeninos nos colocam, na plenitude da idade dos porquês, ao ponto de muitas vezes nos questionarmos: “Por que tantos por quês?”

A conhecida idade dos porquês tem a sua razão de existir e traz consigo vários benefícios. Fazem com que a criança explore o mundo não apenas de uma forma sensorial (de toque nos objetos e manuseio dos mesmos), mas também para começar a compreender o mundo que a rodeia, uma vez que começa a ter noção do seu próprio eu e a reparar numa infinidade de detalhes ao seu redor.

O que a criança não consegue compreender, ou o que não faz sentido é o que a leva às tão famosas avalanches de perguntas, que por vezes colocam à prova a paciência dos adultos.

Contudo, apesar de todos os desafios que esta fase implica, a idade dos porquês está também recheada de importantes benefícios para o desenvolvimento das crianças pela estimulação da vontade de aprender e uma curiosidade que leva à compreensão de si, dos outros e do mundo que a rodeia.

Responder a tantas perguntas requer paciência, eu sei. A imaginação delas não têm limites para questionar os mais variados assuntos. Mas existem lados muito positivos em troca:

1. estimula as suas capacidades cognitivas e, quando validada nas suas perguntas, encoraja a criança a não ter medo de questionar quando tem dúvidas, o que será valioso no seu futuro escolar e pessoal.

2. à medida que a criança vai assimilando, descobrindo e compreendendo o seu eu, os outros e o mundo, as perguntas também vão desaparecendo. Tudo o que é preciso é uma boa dose de paciência, uma atitude de encorajamento e sobretudo ajudar a criança e procurar em conjunto com a mesma chegar às respostas que ela tanto procura, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento saudável.

3. e, para mim, o principal: o questionamento desimpedido, livre de julgamento. Perceba que, à medida que se encoraja o questionamento, as perguntas tendem a se tornar surpreendentes. E, ao se pensar na resposta, abrimos os olhos para questões que nos passam desapercebidas. Um singelo ´por que?´ pode desmontar muitas certezas absolutas (pois sabemos que uma criança curiosa não deixará de insistir com respostas do tipo: ´Ah! sempre foi assim!) bem como desconstruir todo um discurso, lógica ou ponto de vista que muitas vezes é aceito sem uma pausa para refletir a respeito.

Das perguntas que normalmente utilizo para dar início a um projeto, sempre destaco a importância do ´Quem´, por representar o questionamento que me aproxima da pessoa, do usuário ou de quem irá ser impactado pelo meu trabalho. Mas o ´Por que´ me leva à quebra de paradigmas, ao entendimento pleno de algum problema, conduzindo à inovação. Um bom ´Por que´ muda a forma como você interage com o mundo. Ele gera conexão, engajamento e empatia, ao deixar claro seus valores e os motivos pelos quais você deseja seguir adiante, aproximando pessoas que acreditam no que você acredita. Pensar profundamente sobre o porquê não é apenas uma abstração, não é perder tempo. Pensar nesses porquês é essencial para que se estruture suas ideias antes de começar a criar. Mas isso requer esforço, uma vez que nós nos comunicamos de fora para dentro, começando pelo “o quê”, passando pelo “como” e chegando no “porquê” quando tivermos alguma sorte. Esse diagrama é o natural da nossa comunicação e dos nossos argumentos, sendo que perguntas como “o quê” e “como” são mais racionais e mais fáceis de serem respondidas. O “porquê” já entra num ambiente mais confuso e que depende de uma certa análise. Ele responde as perguntas mais profundas, por isso acaba ficando por último. Mas tente inverter essa ordem, comece pelo ´por que´ e perceba a diferença. 🙂

Diagrama de Simon Sinek, TEDxPugetSound de 2009

Por conta da importância dessa pergunta, transformei-a num lema para nossa marca. Fiquem atentos aos posts que contenham essa categoria, ou marcação. Eles provavelmente serão representativos de nossa visão pelos olhos de uma criança.

Fique atento a importância dessa pergunta.

E não se esqueça: quando lhe surgir a velha questão do “por que tantos porquês?”, pense sempre: “…e porque não?”

🙂