Para que sua criança se sinta desafiada e, não, frustrada, o brinquedo deve estar adequado à sua faixa etária.
Por mais leveza que contenham as palavras “brincar” e “brinquedo”, ambas estão relacionadas com o mais importante que nos dá a infância: o desenvolvimento e a formação da personalidade do seu filho. É como a criança experimenta a vida. Um companheiro inesquecível. E a responsabilidade de quem media esse encontro é enorme.
As brincadeiras são importantes no processo de desenvolvimento cognitivo de uma criança. Em outras palavras, é brincando que ela trabalha a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, o juízo, a criatividade, o raciocínio e a solução de problemas. Através das brincadeiras ela socializa-se, desenvolve a coordenação motora e aprende sobre responsabilidades da vida. As brincadeiras são o primeiro meio pelo qual a criança se relaciona com o mundo. Elas vão muito além da diversão e de forma alguma devem ser subestimadas pelos adultos.
Os brinquedos são grandes aliados nas brincadeiras. No site Portal da Educação lemos: “Os brinquedos didáticos são recursos de grande valor no auxílio da aplicação do processo ensino/aprendizagem. As atividades com os brinquedos terão sempre objetivos didático-pedagógicos visando o desenvolvimento integral do educando. É nesse contexto que se apresenta a importância do brinquedo como estimulador da curiosidade e da iniciativa, proporcionando uma divertida forma de desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da atenção.”
Muitos pais se sentem perdidos com a enorme oferta e variedade de brinquedos, fazendo com que tenham dúvidas na hora de presentear seus filhos e em identificar qual é a melhor opção tanto em termos de entretenimento quanto em aprendizado para cada idade infantil.
“Alguns pais tendem a comprar brinquedos recomendados a idades mais avançadas à do filho por acreditarem que isso acelerará o desenvolvimento da criança, o que acaba desestimulando e causando desinteresse”, explica Maria Ângela Barbato Carneiro, professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e coordenadora da brinquedoteca desta universidade.
Para fazer a escolha certa na hora de comprar brinquedos alguns aspectos devem ser observados, como a demonstração de interesse da criança e a coerência entre a idade da mesma e a complexidade de entendimento no uso e segurança do material do brinquedo.
É importante também tentar aliar, de forma agradável para os jovenzinhos, a diversão às necessidades de desenvolvimento na personalidade.
Por exemplo, uma criança muito tímida, não deve ter só os jogos de concentração que ela costuma preferir, mas também brinquedos que unam esta característica de atenção com a socialização, como os que promovem a interação entre vários jogadores.
É importante que os pais, além de fazerem boas escolhas com relação às fontes de diversão e passatempos dos filhos, não utilizem os instrumentos de entretenimento como premiação ou castigo, nem satisfaçam caprichos momentâneos ou deem excesso de brinquedos, pois é importante a existência de pequenas “frustrações” para o desenvolvimento do bom caráter, imaginação e inteligência.
O artesão que deseja construir brinquedos deve saber que cada um estimula habilidades diferentes de acordo com a faixa etária da criança. Entenda.
0 a 2 anos de idade
Estimulando os sentidos
Durante os primeiros anos é importante garantir que o bebê possa fazer do seu brinquedo o que bem entender. Mesmo. Levar à boca, deixar rolar ou jogar o objeto no chão, faz parte. O importante é experimentar, seja por meio do tato, da audição, do olhar,do paladar ou do olfato.
Por isso os brinquedos devem, antes de mais nada, seguir estritamente as normas de segurança, ter selo do Inmetro e serem indicados para a faixa etária. Se o brinquedo for recomendado acima de 3 anos, acredite: pode representar risco para seu filho.
Os brinquedos devem ser bem macios, com diferentes texturas, coloridos e em geral fazer algum barulho, mas nada de exagero. Embora os estímulos sejam muito importantes para o desenvolvimento da criança é importante ficar atento para que eles não sejam muito intensos. Estímulos em excesso pode acabar irritando seu pequeno.
Lembre-se também de que os brinquedos para esta fase não devem ter peças pequenas e nem pontas muito afiadas. Se quebrar, jogue fora sem dó. E as crianças precisam estar sempre supervisionadas por um adulto, mesmo na hora de brincar.
3 a 7 anos de idade
No mundo das regras e das fantasias
Nesta fase, os brinquedos vão ajudar a estimular o conhecimento, a coordenação motora e também a imaginação.
Por isso é interessante que as crianças brinquem com bonecas,casinhas, carrinhos, fantasias, materiais de pintura e tudo que estimule o faz de conta. É com essa idade que eles serão príncipes, princesas, super-heróis e vão adorar brincar de casinha,policial, mamãe e filhinha, e muitos outros personagens que a gente nem imagina.É vivendo todos esses papéis que ele entende por que a mãe dá bronca, elabora a raiva que sentiu quando o amiguinho não quis brincar, se coloca no lugar da professora, voa como o Superman…
Também são indicados para estafas e os jogos com regras, como quebra-cabeças e jogos de tabuleiros, que devem começar de forma bem simples, com poucas peças e regras bem simples de cumprir. Com o tempo, eles podem ir ganhando complexidade conforme as crianças forem crescendo. Se seu filho tem 3 anos,procure brinquedos indicados para esta faixa. Brinquedos para 5 ou 7, em vez de estimulá-lo, podem deixá-lo frustrado.
8 a 10 anos de idade
Hora do Jogo
Mais velhas, as crianças desta idade já podem brincar com jogos de regras mais complexas e devem ser estimuladas a ler e fazer atividades que envolvam habilidades físicas. A ideia é incentivar a competição, a convivência em grupo e o aprendizado social.
Por isso é interessante que eles tenham jogos que exijam raciocínio lógico como kits mecânicos de montagem, além de bolas, cordas, bicicletas e o que mais incentive gincanas e brincadeiras de quadra. Jogos e cartas e de tabuleiro, desde que adequados à idade, também batem um bolão.
Menos presente, mais presença
Antes de comprar um brinquedo ou objeto para seus filhos faça as seguintes perguntas para si mesmo:
1 – Estou incentivando-os a desenvolverem habilidades físicas ou intelectuais?
2 – O brinquedo/jogo é adequado para uma interação com outras crianças ou jovens?
3 – Posso sentar e brincar/jogar com meus filhos se lhes der isso de presente?
4 – O retorno é proporcional ao investimento?
5 – Estou presenteando por que quero investir no desenvolvimento dos meus filhos ou é uma forma de compensar a minha ausência?
Lembre-se de que as brincadeiras são mais importantes que os brinquedos. Elas podem ser feitas com pouquíssimos recursos, é só usar a imaginação.
De olho na segurança
Quando pensamos em “brinquedo adequado” segurança é crucial. A idade, claro, conta demais. Para Alessandra Françoia, coordenadora da ONG Criança Segura, no entanto, a indicação da idade é só uma forma de padronizar a segurança. “Mas as crianças podem ter diferenças e particularidades. A nossa recomendação é ir além da indicação da faixa etária na embalagem e tomar cuidado – principalmente para os de 3 e 4 anos – com peças pequenas.” Veja as recomendações gerais:
• Os testes iniciais, logo depois de tirar o brinquedo da caixa: sacuda, balance, veja se não tem nada caindo, lascado ou pontiagudo.
• As peças não podem caber em um tubo de filme de fotografia.
• Cordões devem ter até 15 cm no máximo.
• Acesso totalmente fechado a baterias e pilhas, com parafusos.
• Tinta dos brinquedos não pode descascar.
• Periodicamente faça uma revisão dos brinquedos.
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Fontes:
Sebrae
Revista Pais & Filhos
Revista Crescer
Dicas de Mulher
Familia.com.br